O artigo investiga o conceito de forma literária segundo Antonio Candido e Ángel Rama, com ênfase nas formulações publicadas pelo jovem Candido na primeira metade da década de 1940 em Brigada Ligeira e na revista Clima. Essas formulações resguardariam um caráter chave para a compreensão do mesmo conceito na fase madura de ambos os críticos, sobretudo a partir de 1970. Desse período, são referidos textos como “Dialética da malandragem”, no caso de Candido; e “Sistema literario y sistema social en Hispanoamérica”, no que se refere a Rama. Num primeiro momento, ao vincular o conceito de forma à psicologia desvelada pela obra, Candido buscava discernir no seu fundamento estético certa dinâmica ideológica da burguesia brasileira. O artigo deseja mostrar como tal vínculo entre classe social e forma literária teria sido preservado, com as devidas modificações, por Rama em sua compreensão da literatura transcultural na América Latina. Uma das conclusões diz respeito aos esforços de sistematização dos corpora literários (brasileiro/latino-americano), os quais teriam conduzido a acepções diversas do conceito de forma. Uma segunda conclusão abrange as dimensões de negatividade e positividade nos conceitos de Candido e Rama, em sua fase madura, fator responsável pela ruptura teórica neste diálogo crítico.